Introdução
Sendo o ensaio por meio de partículas magnéticas normalizado e aceito por várias entidades nacionais e internacionais, é preciso que o inspetor o execute segundo os critérios normalizados por um ou mais códigos.
O que se faz na pratica é estabelecer, com base nos códigos e normas aplicáveis ao produto que se deseja inspecionar, um conjunto de especificações técnicas capazes de ordenar todo o trabalho a ser desenvolvido, detalhando o campo de aplicação, os equipamentos utilizados, tipos de partículas, técnicas de magnetização, sequência de execução, critérios de aceitação etc.
Este conjunto de informações técnico-operacionais é agrupado em um documento que tem a forma de um procedimento que, como o próprio nome indica, determina a rotina e a sequência do trabalho a executar.
Normas Aplicáveis
Os requisitos especificados pelas normas fixam as condições mínimas exigíveis na realização do ensaio. Têm for finalidade assegurar que a inspeção seja executada em conformidade com os padrões pré-estabelecidos no intuito de que os resultados tenham repetibilidade e confiabilidade.
Relacionamos a seguir, algumas normas aplicáveis no ensaio por meio de partículas magnéticas.
Estrangeiras
BSI (British Standards Institution)
BS 6072 - Method for Magnetic Particle Flaw Detection
ASME Section V (American Society of Mechanical Engineers)
Article 7 - Magnetic Particle Examination
Article 25 - Standard Practices for Magnetic Particle Examination
ASTM (American Society for Testing an Materiais
ASTM SE 709-80 - Standard Practices for Magnetic Particle Examination
MIL (Military Standard)
MIL STD - 1949B - Inspection, Magnetic Particle
Nacionais
ABNT
ABNT NBR NM 342 - Ensaio Não Destrutivo - Partículas Magnéticas
ABNT NBR 16241 e ABNT NBR 15632 – Inspeção Subaquática - Partículas Magnéticas
Procedimento
Conforme comentamos, para cada serviço a ser desenvolvido, torna-se necessária a elaboração de um procedimento que, além da finalidade de definir a rotina de toda a execução do ensaio, também permite que qualquer inspetor qualificado possa, sob as mesmas condições, refazer o ensaio, chegando as mesmas conclusões. Desta forma, o procedimento garante que diversos inspetores, juntos ou em locais diferentes, executem o ensaio dentro dos mesmos critérios e padrões de referência.
Todo procedimento deve ser previamente qualificado com o objetivo de se garantir sua eficiência, em todas as condições para as quais foi elaborado. Através de simulações, garante-se a eficiência do ensaio e a performance desejada na sua aplicação, dentro das limitações previstas no próprio procedimento.
Por ser uma instrução escrita na forma de especificações técnicas, o procedimento é parte integrante de um Sistema da Qualidade.
Um adequado procedimento de ensaio por meio de partículas magnéticas deverá abordar no mínimo, os seguintes tópicos:
1) Objetivo;
2) Normas de Referência;
3) Material a ser Ensaiado;
4) Equipamentos e Aparelhagens;
5) Técnica(s) e Corrente(s) de Magnetização;
6) Partículas Ferromagnéticas;
7) Temperatura da Peça e da Suspensão (somente uso emerso);
8) Condição Requerida das Superfícies a serem Ensaiadas e Métodos de Preparação;
9) Tinta de Contraste (somente uso emerso);
10) Esquema Indicativo da Sobreposição;
11) Requisitos Adicionais;
12) Desmagnetização;
13) Limpeza Final;
14) Sistemática de Identificação e Rastreabilidade;
15) Formulários para Relatórios de Registros de Resultados.
Para a elaboração de um procedimento de ensaio por meio de partículas magnéticas pela técnica do Yoke, veremos os itens mínimos necessários que um procedimento deverá conter, bem com a sequência de apresentação adequada para estes itens.
Técnicas de Sobreposição
Escolhida a técnica de magnetização a ser empregada ou disponível para o ensaio, é importante que o inspetor procure visualizar mentalmente como é o campo magnético formado, se longitudinal ou circular. Essa visualização é importante, pois não conhecemos a orientação das possíveis descontinuidades presentes.
Começamos o ensaio por uma região e para garantir uma inspeção capaz de detectar qualquer descontinuidade em qualquer orientação, de acordo com a técnica de magnetização utilizada, realizamos uma outra varredura defasada de mais ou menos 90º do eixo da anterior. A técnica de sobreposição anteriormente descrita é empregada na inspeção de peças utilizando-se magnetização pela Técnica do Yoke ou pela Técnica dos Eletrodos.
É fundamental garantir uma varredura perfeita e uma sobreposição adequada. O inspetor deve traçar na peça, com giz de cera, os pontos onde devem ser apoiadas as pernas do Yoke ou dos eletrodos. Desta forma, obtêm-se uma varredura sequencial e a garantia de inspeção de 100% da região de interesse. Para um melhor entendimento, mostraremos a seguir alguns exemplos de esquemas de sobreposição para as técnicas dos eletrodos e do Yoke, em diferentes tipos de superfície.
Exemplo 1
Região compreendida entre superfícies planas soldadas no mesmo plano:
a) Aplicação:
- Juntas soldadas de topo;
b) Equipamento:
- Yokes de pernas fixas ou articuladas;
c) Esquema de sobreposição e sequência de ensaio.
d) Área útil de ensaio
Exemplo 2
Região compreendida entre superfícies planas soldadas em ângulos:
a) Aplicação:
- Juntas de ângulos em L;
b) Equipamento:
- Yokes de pernas fixas ou articuladas (1º etapa);
- Yokes de pernas articuladas (2º etapa);
c) Esquema de sobreposição e sequência de ensaio:
1º Etapa de ensaio:
A: Distância entre polos (mm)
2º Etapa de ensaio:
d) Área útil do ensaio:
Exemplo 3
Região compreendida entre superfícies cilíndricas soldadas de topo:
a) Aplicação:
- Juntas soldadas de topo (circunferências e longitudinais) em tubos;
b) Aparelho:
- Yoke de pernas articuladas;
c) Esquema de sobreposição e sequência de ensaio.
1º Etapa de ensaio:
A: Distância entre polos (mm)
2º Etapa do ensaio:
A: Distancia entre polos (mm)
a) Área útil do ensaio:
Exemplo 4
Região compreendida entre superfícies cilíndricas em ângulo.
a) Aplicação:
- Juntas soldadas em ângulo;
b) Equipamento:
- Yoke de pernas articuladas;
c) Esquema de sobreposição e sequência de ensaio.
O esquema de sobreposição e sequência do ensaio deve ser executado conforme:
Também nas maquinas estacionarias, onde as peças como pinos, bielas, engrenagens, discos e virabrequins são submetidas, na maioria das vezes, a dois campos magnéticos aplicados simultaneamente, é necessário garantir a varredura de toda a peça ou de determinada região de interesse a inspecionar.
Nesse caso, é importante verificar se a intensidade do campo é adequada para fazer a inspeção de toda a peça de uma só vez.
Caso isto não seja possível é necessário inspecionar a peça em partes, ou em seções. Portanto, de acordo com o equipamento disponível, bem como, em função de seus recursos e capacidade, fazemos os ajustes nos campos de modo a obter o melhor balanceamento possível.
Notem que, quando for importante a visualização de determinada descontinuidade, podemos trabalhar ora com um campo, ora com outro, para conseguir uma detecção de descontinuidades tanto transversais como longitudinais.
Uma varredura insuficiente ou adequada coloca a perder todo o ensaio.
Ficou alguma dúvida, então envie um e-mail para contato@multiend.com.br que estaremos prontos para tirar sua dúvida.
PS: Ah, se tiver algum assunto que gostaria de ver abordado por aqui, basta entrar em contato pelo mesmo e-mail ;)
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